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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

NATÁLIA FARIAS

( Pará )

 

Nasceu em São Miguel do Guamá, no Pará.
Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Pará e
Especialista em Estudos Linguísticos e Análise Literária (UEPA),
atualmente (em 2021) é professora de Língua Portuguesa e
Literatura na rede privada de ensino. 

 

VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSEAirton Souza organizador.  Belém: Arca Editora, 2021.  221 p.  ISBN 978-65-990875-5-4    
Ex. Antonio Miranda

 

 

Onze-horas é uma planta da família Portulacaceae,
nativa da América do Sul, ocorrendo desde o sudeste
brasileiro até o Uruguai e a Argentina.
Também pode ser encontrada no sul do continente asiático.

Foto: floresefolhagens.com.br

Estigma

A flor de onze-horas nasceu
Traços meramente amazônicos
Talvez Dalcídio tenha esquecido de citá-la em seus romances
levada pelas águas do Guamá
Outrora enroscou-se nas armadilhas do mururé.
Assim caiu na calçada do pseudo urbanismo
o que se pode atenuar periferia.
A flor ganhou cor onde tudo era preto e branco,
A colorida onze-horas, vive iminente
Floresce no chão encharcado
As orquídeas que vivem no chão árido e fresco
não reconhecem esse tipo de flor.
Um dia desse uma pétala caiu por um tiro,
outra por uma porta que se fechou,
mas a pétala que ficou mais destroçada
foi aquela acometida pela cegueira da razão
Dizem que não temos nome.
Estaríamos vivendo no Ensaio sobre a cegueira?
Trata-se aqui de um simulacro
A imagem vale mais do que o real
Nesse lugar difuso, visado, até as flores de plásticos morrem...
Mas a espécie onze-horas resiste
Tenta enxergar muito além do que a vista pode alcançar
Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.


No aguardo

O silêncio ecoa ensurdecedor
Sob uma chuva ímpia
Chegam as torrentes de março
Sem crepitação
Mas a largos passos
Olhares edificam-se em vitrais
O céu agora totalmente escuro
Aqui dentro o gramofone mudo
O silêncio ecoa ensurdecedor

Por aqui
Chove uma chuva miúda e triste
Lá fora
Chove sem temperança
Chove no caderno do pequeno
Chove nos avós
Chove no ganha pão
Chove no sonho da noiva

Aqui o silêncio grita
Lá a exasperação é enxurrada pela mudez
Por aqui, jaz um perfume suave de flores volita
Aqui e lá regozijam-se as horas, os meses...
Estrelas escondem-se no firmamento
A lua afogou-se nos desalentos dos seres desta Terra
Ficaste sozinho, ó sol: poderíamos te buscar?
Aurora próxima, quando virá?
Estamos ávidos por ti, oh! Cura.

 

 

*

VEJA e LEIA outros poetas do PARÁ em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/para/para.html

 

Página publicada em março de 2022

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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